COMO PARAR DE FUMAR
É POSSÍVEL UTILIZAR A ESTRATÉGIA DE IR REDUZINDO O NÚMERO DE CIGARROS ATÉ PARAR?
Sim, desde que o objetivo traçado seja o de reduzir e realmente parar de fumar. Esse processo tem relativa eficácia desde que a pessoa tenha a determinação para tal e realize esse plano em até 15 dias. A dificuldade encontrada por muitos fumantes é a resistência à diminuição do número de cigarros a partir de um determinado limite em decorrência do surgimento da síndrome de abstinência.
Reduzir e manter o fumo em níveis menores que os anteriores não traz benefício significativo. Não existe nível seguro para o consumo das substâncias presentes no cigarro.
QUAIS OS MEDICAMENTOS QUE AUXILIAM A CESSAÇÃO DO TABAGISMO?
Os medicamentos disponíveis para cessação do tabagismo auxiliam com relação à dependência química. A chamada TRN (Terapia de Reposição de Nicotina) utiliza as gomas (clicletes) e adesivos à base de nicotina. Eles repõem certa quantidade de nicotina no sangue da pessoa que parou com o cigarro, aliviando os sintomas da abstinência.
Os antidepressivos e os agonistas de receptores de nicotina agem no cérebro em regiões onde a nicotina costuma atuar, exercendo os seus efeitos diretamente no Sistema Nervoso Central. Dessa maneira também aliviam os sintomas da síndrome de abstinência da nicotina, tornando essa fase do abandono do vício mais fácil de ser superada.
Apesar de causarem poucos efeitos colaterais, esses medicamentos somente devem ser utilizados sob recomendação e supervisão médica. A terapia cognitivo-comportamental utiliza estratégias psicológicas que, somadas ao acompanhamento médico e a utilização de medicamentos, aumentam os índices de abandono do cigarro.
QUAIS AS ETAPAS DO TRATAMENTO PARA A CESSAÇÃO DO TABAGISMO?
1- PROCURE UM MÉDICO
Segundo a Organização Mundial da Saúde, menos de 5% dos indivíduos que param de fumar por conta própria completam um ano longe do cigarro. O processo de cessação do tabagismo envolve disciplina; apenas 20% das pessoas que tentam parar o cigarro conseguem isso na primeira vez. A cada tentativa as chances de parar são maiores.
2- ESCOLHA O DIA “D”
É difícil parar de fumar de uma hora para outra. É necessária uma programação e uma preparação para isso. O fumante deve escolher uma data para isso, de preferência um dia que não o faça sofrer pressões. Pessoas que fumam mais em final de semana devem preferir uma segunda feira, por exemplo. Quem fuma mais durante o trabalho pode se dar melhor se escolher um final de semana ou feriado prolongado. Datas significativas costumam fazer bom efeito, como aniversário, Natal, Ano Novo, aniversário de casamento ou de filhos, também são bons exemplos. Conversando com o médico pode-se escolher qual a melhor estratégia.
3- PREPARANDO PARA O DIA “D”
Deixe de comprar cigarros nos dias que antecedem o dia “D” e diminua a quantidade de cigarros fumados gradativamente. Se pessoas próximas e fumantes também iniciarem o processo conjuntamente, isso facilita a tomada de decisão. Um dia antes da data, jogue fora os cigarros, cinzeiros e isqueiros. Evite as situações que possam lembrar o cigarro, como bares, por exemplo.
4- USO DE MEDICAMENTOS
Quando são indicados medicamentos para ajudar na cessação do tabagismo, eles costumam ser utilizados a partir de uma semana antes do dia “D”. Como esses medicamentos devem ser utilizados com prescrição e supervisão médica, é importante estabelecer conjuntamente com o médico a marcação dessa data.
5- ESTABELEÇA UMA RECOMPENSA
Como muitos ex-fumantes dizem que parar de fumar foi a coisa mais importante e mais difícil que já fizeram na vida, estabelecer uma recompensa pela meta alcançada pode ajudar na manutenção da decisão de parar com o cigarro. Presentear-se com algo que deseja pode ser uma boa estratégia quando se está nesse processo de cessação do tabagismo. O dinheiro utilizado para isso pode ser obtido das economias geradas por não se comprar cigarro. Anotar isso diariamente ou mensalmente pode ser útil. Um livro, um CD, uma viagem, são exemplos de recompensas que podem ser tidas quando se ultrapassa a meta de uma semana, um mês ou um ano sem o cigarro.
REPROGRAMANDO O CÉREBRO
Quando tomar a decisão de parar de fumar e para a manutenção dessa decisão, é importante o fumante reprogramar o seu cérebro, que está condicionado a realizar uma série de atividades rotineiras no dia a dia com o cigarro na mão ou envolvendo o ato de fumar. Para fazer isso, algumas dicas são:
1 - Evitar o cafezinho ou tamá-lo em locais diferentes dos que está acostumado;
2 - Escovar os dentes após as refeições;
3 - Caminhar após as refeições;
4 - Modificar a rotina em casa ou no trabalho, incluindo mudar a TV ou os móveis de lugar;
5 - Evitar frequentar os locais em que sabidamente pode-se ter contato com o cigarro;
6 - Quando estiver sozinho, ocupar a mente e o tempo com alguma atividade, seja física (ex.: caminhada) ou mental (ex.: passatempos, televisão, livro);
7 - Ter sempre água por perto para tomar nos momentos de fissura, onde a vontade de fumar pode ser grande e quase incontrolável. A fissura costuma ser passageira, não durando mais que 5 a 10 minutos. A fissura sempre retornará após ser superada, mas ela tenderá a voltar em menor intensidade e mais espaçadamente, até desaparecer.
8 - Lembrar dos benefícios observados com a parada do cigarro pode ser útil, como a obtenção de maior auto-estima, economia, melhor aparência social, mais saúde e maior expectativa de vida.
9 - Só um cigarro vai fazer a diferença. O cérebro do fumante trabalhou por anos sob a ação da nicotina e o processo de cessação do tabagismo visa reprogramá-lo a trabalhar de outra maneira. Caso volte a fumar um cigarro que seja, o ex-fumante corre o risco de voltar à situação anterior, isto é, à dependência.
EU VOU ENGORDAR SE PARAR DE FUMAR?
É natural algum ganho de peso nos primeiros meses após a parada do cigarro. Em média, há a possibilidade de se ganhar entre 2 e 4 quilos, não mais do que isso.
Os motivos são vários, pois até o coração passa a trabalhar num ritmo menor, em uma média de 10 batimentos por minuto a menos que antes. Quando se pára de fumar há menor gasto de energia pelo organismo pela falta da nicotina; há a possibilidade de se comer mais pelo fato do ex-fumante sentir melhor o gosto dos alimentos e o prazer da comida; existe também a fome provocada pela síndrome de abstinência e ocorre a substituição muitas vezes do cigarro pelo consumo de doces. Caso o ex-fumante ganhe mais peso que a média, é possível que esteja exagerando no consumo de alimentos ou doces e apenas a falta de nicotina não pode ser responsabilizada por isso.
A regularidade dos exercícios físicos é útil dentro da política de manutenção de um bom peso, além da atividade física liberar no cérebro algumas substâncias chamadas de endorfinas, que podem ser entendidas como “calmantes naturais”.
SE EU PARAR DE FUMAR VOU FICAR MUITO NERVOSO?
A falta de nicotina promove a síndrome de abstinência devido à diminuição de algumas substâncias no cérebro chamadas por catecolaminas e serotonina, o que pode aumentar o nível de ansiedade, o que o fumante interpreta como “nervoso”.
O tratamento atual com os medicamentos disponíveis consegue eliminar esse sintoma e a decisão de parar de fumar pode ser mantida de modo mais tranquilo. O controle da abstinência com os medicamentos também diminui a necessidade de comer mais exageradamente e o ganho de peso tende a ser menor.
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