O QUE OCORRE COM O ORGANISMO QUANDO SE REALIZA O MERGULHO RECREATIVO, TAMBÉM CHAMADO DE MERGULHO AUTÔNOMO?
No mergulho autônomo o mergulhador é auxiliado por equipamentos que ele carrega consigo e que lhe permite respirar debaixo d'água.Embora a prática de atividade física seja saudável até mesmo para aqueles que possuem uma doença respiratória de base, o mergulho é um esporte que requer cuidados redobrados. Quando o individuo mergulha, os gases presentes no cilindro de mergulho se dissolvem no sangue por causa da pressão maior que a pressão atmosférica. O fenômeno torna-se mais intenso dependendo da profundidade e dos gases utilizados. O gás ar comprimido é o mais comum utilizado em mergulho recreativo. Em maiores profundidades, utilizam-se misturas de gases como hélio e oxigênio ou hélio, oxigênio e nitrogênio.
QUAIS OS RISCOS PARA A SAÚDE QUANDO SE REALIZA O MERGULHO?
O problema principal não é o mergulho em si, mas sim o risco de descompressão quando o indivíduo sobe muito rapidamente para a superfície. O nitrogênio residual é o nitrogênio remanescente no corpo após um mergulho, cujo tempo de demora a ser eliminado depende do tempo de mergulho e da profundidade atingida. Caso a eliminação do nitrogênio residual seja deficiente (por fatores de saúde ou externos como uma subida muito rápida) pode ocorrer a geração de bolhas de nitrogênio que não conseguem ser eliminadas do corpo humano e ficam retidas em tecidos ou na circulação sanguínea. Esta ocorrência é chamada de doença descompressiva. Quando isso ocorre formam-se bolhas de gases na circulação que podem causar infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou derrame cerebral (acidente vascular cerebral-AVC).
Para se entender essa situação de uma forma prática, observe como o gás sai misturado ao líquido de uma garrafa de refrigerante ou champanhe quando ela é aberta de forma brusca e rápida. As bolhas e a espuma não saem da garrafa quando a abrimos lentamente e deixamos o gás escapar aos poucos.
QUEM ESTÁ MAIS SUJEITO AOS RISCOS DE COMPLICAÇÕES DEVIDO AO MERGULHO?
O risco de complicações durante o mergulho é maior em pessoas com doenças respiratórias crônicas, tais como asma e DPOC (bronquite crônica e enfisema pulmonar). Nesses doentes costuma haver aprisionamento de ar no interior dos alvéolos pulmonares devido à obstrução das vias aéreas causadas pela doença. A alta pressão durante o mergulho pode provocar uma perfuração pulmonar com extravasamento do ar para fora dos pulmões chamada pneumotórax (barotrauma). Essa é uma situação crítica e potencialmente fatal quando não atendida rapidamente, o que é praticamente impossível nas profundidades do mar. Pacientes com enfisema pulmonar possuem naturalmente bolhas dentro do pulmão devido ao rompimento dos alvéolos causado pelo cigarro e correm maior risco de sofrerem pneumotórax.
QUEM NÃO PODE REALIZAR MERGULHO SOB HIPÓTESE ALGUMA?
Possuem contra-indicações absolutas ao mergulho recreativo os pacientes que possuem DPOC ou já tiveram pneumotórax espontâneo. Esses indivíduos não podem realizar mergulho recreativo. Portadores de asma e fumantes necessitam uma avaliação médica prévia e a realização de exames de função pulmonar (espirometria) para avaliar a sua condição respiratória e de aprisionamento aéreo para que possam ser tomadas medidas e medicamentos para minimizar o risco de complicações durante o mergulho.
QUEM TEM ASMA PODE MERGULHAR?
A liberação do mergulho autônomo para pessoas com asma é ainda controversa. Indivíduos sintomáticos ou com a asma não controlada possuem contra-indicação absoluta ao mergulho. Também não devem mergulhar asmáticos que possuem crises desencadeadas pelo exercício, pelo frio ou emoção, assim como asmáticos graves. Para os asmáticos que desejam mergulhar recomenda-se a realização de espirometria antes e após o exercício, que deve estar normal. Apenas asmáticos totalmente controlados podem pensar em mergulhar.
OS PROBLEMAS RELACIONADOS AO MERGULHO OCORREM SOMENTE DURANTE A SUA REALIZAÇÃO?
Não, outro alerta importante é sobre viagem aérea depois do mergulho. Como a doença descompressiva pode se manifestar até 48 horas após o mergulho, este é um período que não se deve realizar viagem aérea, já que na altitude o fenômeno de formação de bolhas é muito maior.
QUAIS OS RISCOS CARDÍACOS DO MERGULHO?
O maior risco médico para mergulhadores de meia idade é a doença arterial coronariana prévia não diagnosticada. Qualquer pessoa que irá se envolver em atividades de mergulho deve se submeter a uma avaliação clínica dos fatores de risco para doença arterial coronariana e, se existirem fatores de risco importantes, deve-se considerar uma avaliação médica mais detalhada em busca de uma doença arterial coronariana oculta.
PODE-SE MERGULHAR GRIPADO?
Algumas doenças das vias respiratórias altas, como rinite e sinusite crônica podem levar a complicações durante o mergulho. Pessoas com gripes e resfriados também devem evitar o mergulho. Entre outras complicações, pode ocorrer ruptura do tímpano ou algum outro problema na estrutura do ouvido.
Para mais informações, pode-se acessar a página da Brasil Mergulho, que possui informações úteis sobre os cuidados a serem tomados no mergulho autônomo.